É com profundo pesar que a ANPEd comunica o falecimento da professora Michèle Sato, neste dia 16 de maio de 2023, aos 63 anos. Docente da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) e pesquisadora do GT 22 da ANPEd (Educação Ambiental), Sato deixou sua marca por todos os ambientes acadêmicos e sociais pelos quais passou através um de pensamento inquieto, sensível, consistente e transformador em prol da Educação e da sustentabilidade. A justiça climática e o alcance do antropoceno na vida das mulheres e das populações periféricas sempre esteve em suas reflexões, ativismo ambiental e educacional, inclusive durante a pandemia.
Uma perda irreparável. Seu legado de esperança e compromisso com a vida permance em cada um/a de nós. Em transmissão de mesa da 40ª Reunião Nacional com o tema Cultura e Natureza na Política Etnorracial, Michèle leu em dado momento carta escrita por ela ao educador Paulo Freire, falando de nossos tempos atuais:
"Paulo, a aventura na terra tem sido cheia de desafios. O colapso ronda nossas vidas - na eduacação, na economia, no ambiente, na saúde ou na política. Há um desassossego nos corações de muita gente. Mas ainda haverá tempo para escrever mais cartas pedagógicas. Quiçá com uma guinada para gritar mais alto: esperançar!" A carta é assinada junto ao Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte (GPEA), do qual a docente da UFMT era vinculada.
Pós-doutora pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), Universidad de a Coruna, na Espanha, e Universitè du Québec à Montreal, no Canadá, Sato era graduada em licenciatura em Ciências Biológicas, Mestre em Filosofia pela University of East Anglia, na Inglaterra, e doutora em Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e ingressou na instituição em 1994.
Em sua trajetória na UFMT, a professora Michèle Sato ocupou o cargo de coordenadora do curso do departamento de Ensino e Organização Escolar, do Instituto de Educação (IE); coordenadora do Programa de Pós-produção em Educação; e integrou o conselho editorial da EdUFMT. Além disso, participava do do Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte (GPEA), vinculado ao PPGE. Nos últimos anos, suas pesquisas relacionavam-se com movimentos sociais, justiça climática, colapsologia e arte popular.
Em sua trajetória acadêmica,para além da UFMT, a docente foi professora visitante na Universidade de São Paulo (USP), do Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) e nas Universidades Federais da Paraíba (UFPB), do Amazonas (UFAM), do Paraná (UFPR) e do Rio Grande do Sul (FURG); credenciada ao programa de pós-graduação em Ecologia dos Recursos Naturais da UFSCar; e consultora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da United Nations Educational Scientific And Cultural Organisation (Unesco).
Dentre as homenagens recebidas, a docente recebeu os títulos de cidadã mato-grossense e cidadã ambientalista, pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso; cidadã de Nossa Senhora do Livramento; cidadã cuiabana. Além disso, teve o livro “Educação Ambiental: pesquisa e desafios” como obra finalista do Prêmio Jabuti.