Métodos e conhecimentos em tempos inseguros | Colaboração de texto por Maria Rosa de Miranda Coutinho (GT 14)

A retomada das aulas presenciais nestas últimas semanas do ano, volta-se de modo especial à segurança da comunidade escolar em meio à pandemia, e, acredito, está menos atenta para as novas metodologias de ensino.

A urgência de uma recuperação do aprendizado, coloca alguns desafios para as escolas como, por exemplo, o método mais apropriado para esta etapa de superação.

Neste período em que a vida escolar reinicia, em algumas regiões apenas em 2021, a pergunta que parecia respondida em tempos atrás é: como ensinar a aprender?

Sabemos que o conhecimento simples sobre fatos e eventos específicos é produto de uma aprendizagem restrita, ou seja, a memória. Assim, o que modifica realmente o comportamento da pessoa e pode ser considerado um conhecimento assimilado é a experiência.

Neste sentido, o método é fundamental. O conteúdo informa, mas é o método que forma. Forma no sentido de propiciar ao aluno metodologias de trabalho que conduzem a uma atitude científica diante do conhecimento, uma curiosidade face ao desconhecido, um profundo apego à verdade e um difícil sentimento de humildade diante da grandeza da vida.

É o método que abre a percepção do imaginário para o sensível, para a fantasia que alimenta o espírito, o sonho, as perspectivas estéticas futuristas e artísticas. Bem como, proporciona ao educando um diálogo com os acontecimentos sociais e políticos. Já o conteúdo, por si só, não oferece ao aluno essa formação.

A metodologia adequada aos diferentes graus de ensino, leva o aluno, através do conteúdo, a se colocar dentro da situação, mediante propostas que enfoquem a realidade econômica, social e cultural. Também, os problemas de natureza pessoal ou coletiva e os desafios do mundo moderno com suas perspectivas culturais e científicas.

Durante a quarentena escolar, pudemos constatar que nem a metodologia, nem o conteúdo programático cumpriu seu papel verdadeiramente, e passado este tempo de maior isolamento, acredito que novos métodos e conhecimentos vão ser fundamentais para ultrapassar a barreira do atraso na aprendizagem e do ensino digital frustrado. Só a experiência da realidade presencial e palpável poderá resgatar de fato o conhecimento esperado. É a experiência que ensina muito mais do que o conteúdo restrito à tecnologia ou mesmo ao livro didático.

Por isso, este artigo quer chamar a atenção da comunidade escolar para que faça experiência da nova realidade que se apresenta e com isso possa associar conteúdo e experiência como um novo método de conhecimento. Sem dúvida, surgirão outros, mas o tempo também é outro. Este é um tema, na verdade, inconclusivo pelo fato de que não há um modelo absoluto de ensino e aprendizagem, no entanto vale a pena, ao meu ver, repensar as estratégias e mecanismos para o conhecimento, priorizando, sobretudo, a realidade experimentada por cada um neste novo tecido social que está surgindo.

Maria Rosa de Miranda Coutinho é pesquisadora e mestre em Ciências Sociais pela UFSCar