O Gestrado (Grupo de Estudos sobre Política Educacional e Trabalho Docente/UFMG) apresenta resultado de pesquisa realizada em parceria com o CNTE. A investigação buscou conhecer os efeitos das medidas de isolamento social em função da pandemia da Covid-19 sobre o trabalho docente na Educação Básica nas redes públicas de ensino no Brasil. A amostra da pesquisa foi constituída por 15.654 professores(as) das redes públicas da Educação Básica, com todos estados da federação abrangidos - dados de 2019 apontam que esse universo abrange 1,7 milhões de profissionais no país.
Além de traçar o perfil dos respondentes (78% de mulheres; 48,9% com vinculação profissional na Rede Municipal) e as novas configurações do trabalho docente no atual contexto (16% com atividades escolares suspensas e 84% realizando atividades de trabalho a distância), o dignóstico aponta os desafios impostos a docentes e alunos com relação a novas tecnologias e aulas remotas, expondo desigualdades estruturais. De acordo com as notas conclusivas do relatório técnico, a maioria desses profissionais não recebeu qualquer formação para o desenvolvimento dessas atividades. "Entretanto, percebe-se que o compromisso desses professores(as) com seus estudantes tem orientado a busca de meios para tornar a oferta educativa possível. Essa experiência pode significar um importante crescimento e amadurecimento profissional, mas ela também é geradora de tensões e angústias para os docentes", aponta o documento.
Clique aqui para baixar o Relatório Técnico da pesquisa Trabalho Docente em Tempos de Pandemia (Gestrado/UFMG - CNTE).
Os problemas já conhecidos que envolvem a oferta de educação básica pública no país foram evidenciados neste contexto de pandemia. A precariedade de muitas escolas, a ausência de profissionais em número suficiente, a falta de suporte das redes de ensino, os problemas relacionados às condições sociais e econômicas das famílias são fatores que dificultam a busca de alternativas para enfrentar a pandemia e o retorno às atividades presenciais. Os resultados desta pesquisa deverão ainda ensejar novos estudos e análises no âmbito acadêmico que poderão contribuir para o conhecimento desta situação nova.
Os realizadores da pesquisa - coordenada pela Professora Dra. Dalila Andrade Oliveira, ex-presidente da ANPEd - consideram que as informações fornecidas são relevantes para se considerar no momento do retorno às atividades presenciais. "Dada a destacada desigualdade econômica e social do país e os problemas de infraestrutura das escolas, faz-se necessário o exame rigoroso de cada caso com o fim de evitar generalizações que podem incorrer em graves injustiças. A busca de soluções no plano imediato requer amplo diálogo envolvendo toda a comunidade educacional e outros setores da sociedade. A pesquisa acadêmica pode auxiliar nesse diálogo dispondo de conhecimentos responsáveis para a análise dos problemas. Esperamos que os resultados da pesquisa possam contribuir para a elaboração de políticas consequentes que promovam a melhoria das condições de trabalho desses profissionais e para a melhoria da oferta educativa de seus estudantes."
Sobre a pesquisa
A pandemia de Coronavírus (Covid-19) enfrentada na atualidade tem impactado fortemente os sistemas educacionais em todo o mundo, ensejando novas situações de trabalho. Além das complexas questões pedagógicas relativas ao ensino remoto, a discussão sobre o contexto atual do trabalho docente envolve o tema da infraestrutura das escolas, das condições sociais e de saúde de toda a comunidade escolar. O debate envolve ainda, as questões relativas às condições de trabalho dos profissionais de educação tanto no que se refere às adaptações necessárias para a oferta de educação remota quanto à retomada das atividades presenciais, quando isso for possível, já que eles se encontram na linha de frente do processo de reorganização escolar. Nesse contexto, a presente pesquisa “Trabalho Docente em Tempos de Pandemia” buscou conhecer os efeitos das medidas de isolamento social em função da pandemia da Covid-19 sobre o trabalho docente na Educação Básica nas redes públicas de ensino no Brasil. A pesquisa procurou conhecer quais atividades estão sendo desenvolvidas pelos docentes e em que condições, durante o período de isolamento social. Assim, convidamos-lhes a conhecer os resultados desta pesquisa realizada com professores(as) das redes públicas de todos os estados do país. Nossa expectativa é de as informações tratadas na pesquisa possam contribuir para o debate responsável e necessário sobre as condições atuais que enfrentam a educação básica pública no Brasil.
A pesquisa foi realizada pelo Grupo de Estudos sobre Política Educacional e Trabalho Docente da Universidade Federal de Minas Gerais (GESTRADO/UFMG), sob a coordenação da Professora Dra. Dalila Andrade Oliveira. O GESTRADO/UFMG é responsável pelo desenho metodológico da pesquisa, construção do instrumento de coleta de dados, além da sistematização e análise dos resultados. Nesta investigação, o público-alvo contempla os(as) professores(as) da Educação Básica das redes públicas estaduais e municipais. Conforme dados do Censo Escolar da Educação Básica de 2019, esse universo abrange cerca de 1,7 milhões de profissionais. A coleta de dados ocorreu por meio de questionário on-line autoaplicado, disponibilizado na plataforma Google Forms. Os dados foram coletados no período de 8 a 30 de junho de 2020. A pesquisa contou com a parceria da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), na mobilização dos respondentes e na divulgação dos resultados. A amostra da pesquisa foi constituída por 15.654 professores(as) das redes públicas da Educação Básica. Isso após analisar o banco de dados e eliminar os questionários com preenchimento incompleto e os casos duplicados.