Eliza Bartolozzi - coordenadora do PPGE da UFES e coordenadora do FORPREd Sudeste
O Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Espírito Santo, com 43 anos de existência, possui 40 professores permanentes e 3 colaboradores distribuídos entre 4 linhas de pesquisa: Educação e Linguagens; Educação, Formação Humana e Políticas Públicas; Educação Especial e Processos Inclusivos; Docência, Currículo e Processos Culturais. Atualmente, o PPGE conta com 203 estudantes entre mestrandos, doutorandos e doutorandos do DINTER. Atualmente, temos 17 bolsas de mestrado e 23 bolsas de doutorado. Tivemos o corte de uma bolsa de mestrado e, portanto, ficaremos com 16 bolsas.
Como o programa recebeu e procedeu com relação à pandemia e necessidade de paralisação das aulas?
Com as consequências da pandemia que levou ao isolamento social, o PPGE segue a Resolução UFES 07/2020 que decidiu pela não realização das atividades de ensino de forma remota. Contudo, as atividades de orientação, bancas, grupos de pesquisa etc seguem o seu curso "normal" por meio do uso das tecnologias à distância.
O programa manteve ou retornou algum tipo de atividade online? Caso não, por que? Caso sim, quais têm sido os desafios envolvidos nisso?
O PPGE realizou uma pesquisa com os estudantes. Com 162 respondentes, trazemos alguns dados para retratar um pouco o nosso quadro: 62,5% é do gênero feminino e 31,5% masculino. 98,8% tem internet própria com acesso a wifi e 99,4% tem computador em casa, sendo que desses 66,7% não precisam compartilhar a máquina. As condições parecem ser relativamente favoráveis para a realização de atividades virtuais. 50,6% dos estudantes estão realizando trabalho remoto, pois trabalham na educação básica (63,3%) e no ensino superior (17,3%). Sobre a dinâmica dos seus estudos durante a pandemia, 14,2% informaram que houve aumento, para 41,4% as atividades seguem de forma regular e para 44,4% houve redução de sua dinâmica de estudos. Ademais, 61,7% afirmam que o andamento da coleta/produção de dados da pesquisa está prejudicado em razão da pandemia. Em que pese o fato de a CAPES estender por até 3 meses o prazo dos estudantes para o cumprimento de seu curso, o campo de incertezas está aberto e os estudantes relatam insegurança. Com base nesses dados e com as determinações emitidas pela UFES, o PPGE vai procurar, coletivamente, estabelecer uma agenda de discussão para encontrar o melhor caminho a ser adotado neste quadro de excepcionalidade que estamos vivendo.
Qual o contexto do programa em meio a cortes de bolsas, ataques ao papel das universidades e pesquisadores? Como percebem a avaliação da pós pela Capes num futuro próximo?
O PPGE/UFES, assim como os PPGs da região sudeste, vêm apontando uma insatisfação grande com as decisões da CAPES tanto no que tange aos cortes das bolsas quanto às incertezas do processo de avaliação. Pois, além das mudanças ocorridas na direção da avaliação (DAV/CAPES), houve também mudanças na coordenação do PRINT e tudo isso vem provocando uma dificuldade de acesso a informações, o que fragiliza a estabilidade necessária para uma avaliação que se encontra no final do quadriênio. Outros agravantes como as muitas mudanças na Plataforma Sucupira e outras anunciadas para o segundo semestre trazem muita insatisfação e insegurança dos PPGs. Importante ressaltar que tivemos problemas com a avaliação nos anos anteriores, com algumas decisões que apenas chegaram no meio do quadriênio, mas agora a situação piorou muito, não obstante termos uma coordenação de área competente e comprometida. Estamos vivendo constantemente um sentimento de ameaça de perda das poucas conquistas que historicamente alcançamos. Por exemplo, falo do Ofício no 310/2020-GAB/PR/CAPES que vem informar que "coordenadores de área não ocupam cargo público, não fazem parte da estrutura hierárquica da Capes e não exercem qualquer atividade decisória própria da Administração, exercendo tão somente atividades de assessoramento, ou seja, em sua atuação, emitem pareceres, não decisões administrativas”…”. Outro exemplo, trata da Portaria nº 1.122/2020, que vem definir as prioridades, no âmbito do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), no que se refere a projetos de pesquisa, de desenvolvimento de tecnologias e inovações, para o período 2020 a 2023. O nosso posicionamento é que essa Portaria prejudica sobremaneira a área das ciências humanas, sociais e sociais aplicadas, e precisamos agir para superar os problemas por ela gerados.
O futuro do cenário da avaliação está extremamente nebuloso. Muitas mudanças estão sendo anunciadas como, por exemplo, a fusão das áreas do conhecimento, o Qualis e o financiamento dos PPGs, além da aplicação de fato da perspectiva multidimensional. Mudanças essas que podem agravar muito o quadro da pós-graduação brasileira, pois dirigidas por um governo que menospreza a ciência e os/as professores/as
Gisele Masson - Coordenadora do PPGE da UEPG
O Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Ponta Grossa foi aprovado em 1993, com a criação do Mestrado em Educação, tendo início das atividades em 1994. Em 2010, foi aprovada a implantação do Doutorado, cujas atividades começaram no ano de 2011. A partir de 2004, o Programa iniciou o processo de implantação de uma nova proposta curricular que passou a contar com duas linhas de pesquisa (Ensino e Aprendizagem e História e Política Educacionais) e um conjunto de disciplinas organicamente articuladas. No momento o Programa conta 26 professores e 80 alunos, sendo que destes 26 são bolsistas, sem corte de bolsas, depois da redistribuição da Capes.
Como o programa recebeu e procedeu com relação à pandemia e necessidade de paralisação das aulas?
Num primeiro momento da pandemia, mantivemos somente as bancas, sem nenhuma aula. Todavia, conforme deliberação da universidade, foram ofertadas atividades on line não obrigatórias, com destinação de carga horária que podem contar créditos no Núcleo de Atividades.
A partir de 20 de julho, também por conta de decisão da universidade, as aulas obrigatórias serão retomadas, com a utilização da plataforma do Google Classroom.
O programa manteve ou retornou algum tipo de atividade online? Caso não, por que? Caso sim, quais têm sido os desafios envolvidos nisso?
A retomada de atividades não obrigatórias se deu em atendimento à resolução interna da universidade, com o objetivo de manter o vínculo entre estudante e universidade, assim como para, nesse período, avaliar e criar as condições para que todos tenham acesso às aulas obrigatórias, numa fase seguinte (a partir de 20 de julho). Os desafios são os de garantir a qualidade e as condições de acesso de todos os estudantes.
Qual o contexto do programa em meio a cortes de bolsas, ataques ao papel das universidades e pesquisadores? Como percebem a avaliação da pós pela Capes num futuro próximo?
Avaliamos que o impacto do corte de bolsas é nefasto para a pós-graduação, embora não tenha sido o nosso caso. Está claro que a universidade e os pesquisadores brasileiros estão sendo desvalorizados nessa conjuntura, especialmente das universidades públicas. Há uma desconsideração da realidade dos programas da área de humanas, na medida em que estão sendo cogitados novos critério s de avaliação incompatíveis com a área, como a questão do fator de impacto dos periódicos e das produções dos pesquisadores.
Maria Eulina Pessoa de Carvalho - coordenadora do PPGE da UFPB
O Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE/UFPB) originou-se em 1977, com a criação de um mestrado em Educação de Adultos. Ao longo desses anos, passou por cinco reestruturações curriculares. Passou a denominar-se Programa de Pós-Graduação em Educação em 1997, com área de concentração em Educação Popular. Em 2002 passou a oferecer doutorado, com cinco linhas de pesquisa: Fundamentos e processos em educação popular; Educação de jovens e adultos; Políticas públicas e práticas educativas; Educação e movimentos sociais; e Estudos culturais e tecnologias de informação e comunicação. Desde 2007 tem área de concentração em Educação e cinco linhas de pesquisa: (1) Educação Popular, (2) História da Educação, (3) Política Educacional, (4) Processos de Ensino-aprendizagem e (5) Estudos Culturais da Educação. Na nova proposta curricular, a ser implementada proximamente, a quarta linha passa a chamar-se Didática e Formação de Educadoras/es.
Em 2019, o PPGE/UFPB tinha 45 docentes e passa para 37 em 2020, por aposentadoria e descredenciamento voluntário, embora tenha tido ingresso de novos credenciados em 2019 e 2020. Estamos observando uma mudança geracional e planejando essa sucessão. Como somos o maior PPG da UFPB, nossas seleções costumam ser bastante concorridas. Ofertamos 50 vagas para mestrado e 35 vagas para doutorado em 2019 (turma 2020). Atualmente temos o seguinte quantitativo de bolsas: CAPES, 16 de mestrado e 24 de doutorado; CNPQ, 3 de mestrado e 2 de doutorado. Temos ainda umas poucas bolsas Fapesq/PB, sem novos editais. O programa perdeu algumas bolsas ultimamente em função de mudanças das políticas da CAPES.
Como o programa recebeu e procedeu com relação à pandemia e necessidade de paralisação das aulas?
O PPGE/UFPB não paralisou aulas, apenas passou a aulas remotas como alternativa à suspensão de funcionamento presencial ordenado por normativas da própria UFPB. O semestre havia iniciado na segunda semana de fevereiro e, mesmo com a parada na semana do Carnaval, tinha já cinco semanas de atividades quando as aulas presenciais foram suspensas no dia 19 de março. Tínhamos feito um calendário acadêmico para 2020 bem folgado, com matrículas no final de janeiro e primeira semana de fevereiro, início do primeiro semestre em 10 de fevereiro e término em 12 de junho; e início do segundo semestre em 10 de agosto e término em 27 de novembro. Esse calendário fazia parte de um processo de transição visando antecipar as defesas de dissertações e teses para dezembro e acabar (ou diminuir a quantidade) de defesas em fevereiro, o que tira dos/as docentes e discentes as férias de janeiro.
Então, prosseguimos com aulas remotas, replanejamos e flexibilizamos, por entender as especificidades do contexto e a necessidade de manter o PPG em uma dinâmica que oportunizasse condições de que disciplinas e pesquisas continuassem em curso; estendemos em um mês a entrega de trabalhos do período 2020.1 (para 12 de julho) e mais um mês para postagem de notas no Sigaa (até 12 agosto). Ainda vamos avaliar melhor este primeiro semestre com aulas remotas.
Houve resistências, apelos, argumentos pela não exclusão de nenhum estudante, mas foram pouquíssimos os trancamentos de disciplinas não obrigatórias (os Tópicos). Enfim, o saldo foi positivo. O melhor foi ver a satisfação das/os estudantes no último dia de aula, na minha turma de Teorias da Educação do Doutorado, lecionada em colaboração com os colegas Graça Guerra e Ivonaldo Leite. As doutorandas e doutorandos estavam radiantes por terem concluído o semestre, mesmo em condições formativas bastante desafiadoras. Agradeceram por não termos parado e chamaram a experiência de resistência, uma maneira de positivar esse termo, que geralmente lembra frustração e luta sofrida.
As queixas se referiam a dificuldade de acesso à internet e uso de diferentes plataformas digitais, porque cada docente lançou mão das que tinha mais fácil acesso e domínio. Mas cada turma foi encontrando uma maneira de se reunir, aulas gravadas ficavam disponíveis para se assistir a qualquer hora, alguns docentes dividiram a turma em pequenos grupos, em alguns momentos, para ampliar a interação. Foi muito importante termos vencido os desafios e concluído o semestre, mas falta avaliar melhor para planejar ampla e cuidadosamente o segundo semestre, que será também com aulas remotas.
Quanto a bancas de qualificação e defesa, ocorreram on line a partir do final de março. Houve colegas que relataram uma maior audiência nessas bancas on line do que anteriormente em bancas presenciais.
A Portaria da PRPG/UFPB (Nº 54, de 22/5/2020), regulamentando as atividades remotas da pós-graduação no período de isolamento social imposto pela pandemia de Coronavírus, só saiu no dia 22 de maio, após ampla consulta e debate, e até lá tocamos as atividades acadêmicas do PPGE de forma coincidente com o disposto na portaria.
O programa manteve ou retornou algum tipo de atividade online? Caso não, por que? Caso sim, quais têm sido os desafios envolvidos nisso?
Todas as atividades do PPGE/UFPB passaram a ocorrer on line: aulas, bancas, reuniões do Colegiado e todas as atividades de secretaria e atendimento ao alunado, em plataformas telemáticas, via email e whatsapp.
Os desafios têm sido articular as atividades assíncronas de diversas pessoas, fluir eficientemente a comunicação, porque é mais fácil falar face a face para comunicar ou indagar algo do que escrever sucintamente e depois recuperar os inúmeros e-mails, posts e áudios de whatsapp. São muitas aprendizagens. Temos a impressão de que trabalhamos ainda mais agora e no contexto de isolamento social, mudança de hábitos domésticos e muitas notícias tristes, pela Covid19 e pela situação política do país.
Qual o contexto do programa em meio a cortes de bolsas, ataques ao papel das universidades e pesquisadores? Como percebem a avaliação da pós pela Capes num futuro próximo?
O corte de bolsas é preocupante. Temos uma fila enorme para bolsas de mestrado. Já doutorado, nem tanto, porque muitos alunos e alunas preferem manter seus empregos remunerados, até mesmo sem licença, já que as bolsas são vergonhosamente baixas. Os ataques à universidade pública são ultrajantes e injustos. Desenvolvemos um projeto o ano passado, a coordenação do PPGE/UFPB junto com o Prof. Leonardo Severo, chamado “Sala de Aula Itinerante”, em resposta à Campanha “Ação Educação Democrática” da Anped, para nos contrapor a esses ataques e dinamizar a relação entre a Pós-Graduação em Educação e os cotidianos do pensar e do fazer educativos em comunidades escolares e não escolares. A “Sala de Aula Itinerante” visa levar a territórios não universitários o debate sobre Educação e Democracia, Didática, Desenvolvimento Curricular e Direitos Humanos, Educação e/em Diversidades, Docência e Participação Social, entre outros temas. O intuito é fortalecer o diálogo sobre a função social das escolas e organizações sociais educativas na formação de uma sociedade democrática, construindo redes que auxiliem no compartilhamento de pautas comuns e coordenação de esforços coletivos. O projeto realiza “rodas de conversa” em escolas e organizações sociais educativas localizadas na Grande João Pessoa, a partir de demandas das comunidades interessadas em receber equipe de docentes e discentes do PPGE/UFPB. As equipes itinerantes são formadas de acordo com temas que aproximem professores/as, estudantes, linhas de pesquisa e disciplinas ofertadas em cada período, em resposta às demandas. Divulgou-se o projeto em redes sociais e através dos/as próprios/as estudantes, e as demandas foram recebidas por email e repassadas às turmas de cada período, que contataram as escolas e organizações sociais educativas e, a partir daí, planejaram a visita e a aula itinerante. Articulando pós-graduação e extensão, em 2019, todas as disciplinas oferecidas no PPGE/UFPB realizaram uma ou mais aulas itinerantes em escolas e outros espaços, sob demanda, a exemplo do Sindicato de Professores do Município de João Pessoa, por meio da linha de pesquisa em História da Educação.
Outro projeto do PPGE/UFPB, iniciado o ano passado, este de divulgação científica, é o Projeto O.N.D.A - Outras Notas Sobre Divulgação Acadêmica, coordenado pela nossa vice-coordenadora, Fabiana Sena, e pelo Prof. Dr. Allyson Carvalho, da UFRN, então bolsista PNPD, com a colaboração da Profa. Visitante Inês Teixeira e também a minha. O Projeto O.N.D.A divulga, para o público em geral, a produção do PPGE/UFPB, com destaque para as teses e dissertações, estabelecendo canais e formas de diálogo entre a pós-graduação e a sociedade e, nesse sentido, é uma resposta àquelas acusações de que na universidade só se faz “balbúrdia”. Em 2019 foram realizados 19 vídeos com a participação das/os autoras/es das pesquisas, recém mestres e doutores do PPGE/UFPB, transmitindo, em linguagem acessível e direta, os resultados de suas pesquisas de tese e dissertação, tendo cada vídeo duração máxima de um minuto.
Assim, ao veicular a pesquisa educacional produzida pelo PPGE/UFPB, através de três redes sociais influentes – Instagram, Facebook e YouTube, este projeto potencializa seu impacto social, aproximando a comunidade do que tem sido produzido pela universidade. (Ver Facebook; Instagram; YouTube). Para a sustentabilidade do Projeto O.N.D.A. o novo regulamento do programa passará a exigir a entrega de vídeo de divulgação juntamente com o exemplar da tese ou dissertação.
Quanto à avaliação da pós graduação pela Capes, vejo como promissora a ênfase na autoavaliação e na formação. Considerando que o propósito da pós-graduação stricto sensu é a formação de pesquisador/a-docente, sempre articulando ensino, pesquisa e extensão, as publicações orientador/a-orientando/a são só uma faceta, embora importante, da formação via produção e divulgação de conhecimento educacional. Já a autoavaliação é fundamental para a sustentabilidade dos programas, no contexto do trabalho coletivo-colaborativo, para a coesão e para a saúde/satisfação dos/as docentes. Precisamos superar um velho imaginário de antagonismo entre os programas e a Capes, sempre “nós contra o governo” (mesmo detestando o atual governo e sua política de desmonte da universidade pública), uma concepção de resistência reativa e não proativa, bem como a noção punitiva de avaliação. Embora eu esteja no meu PPGE desde 1998 e só agora na gestão, achei a atual proposta de avaliação da Capes bem interessante para a consolidação da pós-graduação brasileira.
Vera Jacob - coordenadora do PPGEd da UFPA
O PPGED/UFPA é um programa criado em 2003 com o Mestrado e em 2008 teve seu Doutorado aprovado pela CAPES. Na última avaliação quadrienal o PPGED foi avaliado com a nota 5, sendo o único com essa nota na região Norte. Está organizado em três Linhas de Pesquisa: Políticas Públicas Educacionais; Educação, Cultura e Sociedade e Linha de Formação de Professores, Trabalho Docente, Teorias e Práticas Educativas. O PPGED possui 141 estudantes matriculados em 2020, sendo 101 no Doutorado e 40 no Mestrado. Em 2019, iniciamos uma turma de DINTER com a Universidade Estadual do Maranhão com 10 professores daquela Universidade estudando em nosso Programa. O corpo docente é constituído por 23 docentes permanentes e 3 docentes colaboradores. Dentre os docentes permanentes, 5 são bolsistas produtividades do CNPq. Também temos 1 Prof. Visitante do Reino Unido e 5 professores realizando estágio pós-doutorado no PPGED. Temos 21 bolsistas de Mestrado e 8 de Doutorado e mais 5 bolsas empréstimos no Doutorado. Apesar de termos aumentado a nota do Programa, tivemos um corte de 5 bolsas de Mestrado em 2019.
Como o programa recebeu e procedeu com relação à pandemia e necessidade de paralisação das aulas?
A Administração Superior da UFPA deliberou pela suspensão do calendário letivo a partir do dia 19 de março, inicialmente por 15 dias, sendo prorrogada por tempo indeterminado pelo Conselho Superior.
O programa manteve ou retornou algum tipo de atividade online? Caso não, por que? Caso sim, quais têm sido os desafios envolvidos nisso?
Desde o dia 19 de março, o PPGED suspendeu todas as atividades presenciais e, na última reunião de 10 de junho, o Colegiado deliberou pela prorrogação dos exames de qualificação e as defesas para dezembro de 2020. Portanto, as únicas atividades mantidas foram as pesquisas e orientações. São grandes os desafios para manter as atividades administrativas (reuniões on line, atendimento de processos por e-mail, organização das bancas, etc.), de pesquisa e de orientação, devido tanto em relação às limitações de acesso dos estudantes à internet de banda larga como também o fato da Universidade não ter fornecido aos professores e técnicos nenhum suporte tecnológico para realizar o trabalho home office ou o teletrabalho.
Qual o contexto do programa em meio a cortes de bolsas, ataques ao papel das universidades e pesquisadores? Como percebem a avaliação da pós pela Capes num futuro próximo?
A situação é extremamente preocupante na medida em que a pandemia chegou num momento em que as Universidades já vinham sofrendo cortes de recursos nos seus orçamentos que agravou-se com a aprovação da EC-95. Como parte dessa política de cortes o CNPq cortou grande parte dos recursos para o financiamento da pesquisa e também das bolsas e a CAPES tem efetuado corte nos recursos do PROAP e nas bolsas agravando a situação dos Programas de Pós-graduação do país. Além dessa política de cortes, os ataques aos pesquisadores e as Universidades públicas têm sido enormes. Como parte desse processo as Universidades vêm sendo perseguidas por meio de ataques à sua autonomia com interferência nos processos de escolha dos dirigentes e também à produção do conhecimento científico em especial ao alterarem as políticas de distribuição dos recursos priorizando áreas do setor produtivo em detrimento das áreas das humanidades.
Sobre a política de avaliação da CAPES é extremamente complicada pois as regras vão sendo definidas no último ano e os Programas não têm possibilidades de planejarem as ações sem conhecer as regras com antecedência. Só para exemplificar vamos ter que indicar os melhores produtos do Programa sem termos informações sobre o qualis dos periódicos e sobre a avaliação dos livros, ou seja, vamos fazer as indicações no escuro, sem contar com as alterações feitas a todo momento na Plataforma Sucupira criando dificuldades para inserirmos as informações necessárias para a avaliação do Programa, como as dos egressos que, somente há uma semana, ficamos sabendo que serão avaliados os que concluíram os cursos há 15 anos atrás. Pior que as informações terão que ser inseridas manualmente por nós. Sobre a avaliação da CAPES para o próximo período as perspectivas são ainda piores do que temos atualmente pois a proposta apresentada sobre avaliação multidimensional (Relatório Técnico DAV de maio de 2020) é baseada em critérios desenvolvidos pela Comissão europeia cuja centralidade é o estabelecimento de ranking global (o U-Multirank)
Sobre a avaliação da CAPES para o próximo período as perspectivas são ainda piores do que temos atualmente pois a proposta apresentada sobre avaliação multidimensional (Relatório Técnico DAV de maio de 2020) é baseada em critérios desenvolvidos pela Comissão europeia cuja centralidade é o estabelecimento de ranking global (o U-Multirank) das instituições de ensino para comparar o desempenho, em âmbito mundial, em cinco dimensões distribuídas em 44 indicadores por áreas de conhecimento e 35 indicadores na avaliação de desempenho institucional. Será utilizada para análise de dados bibliométricos “a classificação do sistema de categorização de periódicos da Clarivate Analytics e os campos de conhecimento que delineiam as coleções de periódicos da Web of Science (WoS)” alterando profundamente a forma de avaliação adotada no país há muitos anos o que aprofundará a assimetria regional existente na produção do conhecimento em nosso país. Como comparar programas de pós-graduação entre países com condições estruturais e histórico profundamente diferentes? A adoção desse modelo de avaliação multidimensional destruirá o que foi duramente construído no país desde o início da década de 1970.