Levando em conta nossos cotidianos adaptados para garantir segurança durante a pandemia, estimulamos aqui leituras de qualidade para o período de quarentena. Divulgaremos a cada 15 dias uma seleção de artigos apresentados nas nossas últimas reuniões e publicados na Revista Brasileira de Educação.
Para iniciar essa proposta reunimos textos a partir da temática de saúde.
- A Política Nacional de Educação Popular em Saúde na atual conjuntura do SUS: fragilidades e desafios
Jacqueline Rodrigues do Carmo Cavalcante, Cátia Regina Assis Almeida Leal
39ª Reunião Nacional da ANPEd, 2019 | GT06 - Educação Popular Trabalho
Resumo: Em consonância com os princípios e diretrizes do SUS a Política Nacional de Educação Popular em Saúde reafirma o compromisso dos gestores na garantia dos direitos universais de saúde visando a melhoria da qualidade de vida, a diminuição das fragilidades/desigualdades sociais, bem como, o reconhecimento e a valorização da cultura popular como alvos essenciais do cuidado, gestão, formação, controle social e práticas educativas em saúde. Pensando na institucionalização da educação popular por meio da Política Nacional de Educação Popular em Saúde que este estudo objetivou analisar as práticas educativas no âmbito do Sistema Único de Saúde em um município do Sudoeste de Goiás, apresentando sua atual conjuntura, fragilidades e desafios que (in)diretamente tem influenciado não somente o SUS local, mas que universalmente pode se reproduzir na totalidade dos serviços de saúde.
Tania Maria Salgado Tozi
39ª Reunião Nacional da ANPEd, 2019 | GT06 - Educação Popular Trabalho
O presente trabalho emergiu de uma dissertação de mestrado em Educação cujos objetivos foram entender algumas concepções de estudantes de um curso técnico de enfermagem sobre sua formação profissional, articulando-os aos princípios da Educação Popular e Saúde (EPS). Pautando-nos na pesquisa qualitativa utilizamos como instrumentos de coleta: revisão bibliográfica, questionário e roda de conversa. Os resultados apontaram que os/as estudantes reconhecem a lógica tecnicista de sua formação e a necessidade de práticas mais dialógicas, participativas, em que haja partilha de saberes, relacionando a teoria com o cotidiano profissional. Sugerem também que as premissas da Educação Popular e Saúde, quando utilizadas em sala de aula, podem contribuir para uma formação mais humanizada, favorecendo o desenvolvimento do senso crítico e reflexivo. Além disso, os depoimentos indicaram a urgência da inclusão de princípios humanizadores na formação técnica em Enfermagem, pois se mostrou notório no meio profissional e acadêmico o pouco conhecimento sobre essa modalidade de ensino, suas aplicações e implicações.
Janniny Kierniew, Cláudia Bechara Fröhlich, Simone Moschen
39ª Reunião Nacional da ANPEd, 2019 | GT20 - Psicologia da Educação Trabalho
Resumo: Este trabalho apresenta considerações sobre a singularidade da tramitação do tempo em uma pesquisaintervenção na interface entre educação e saúde. A partir dos pressupostos da arte e da psicanálise, uma equipe de pesquisadores com experiência em formação inicial e continuada em educação aventurou-se no campo da saúde propondo um trabalho de formação continuada, no contexto hospitalar, utilizando-se de narrativas ficcionais como elemento orientador do trabalho. Este texto é resultado dos primeiros movimentos realizados na direção da constituição do território que abriga a intervenção. Nele, discute-se o tempo como um operador incontornável da pesquisa.
Nilson Rogério Silva, Alessandra Turini Bolsoni-Silva, Sonia Regina Loureiro
Rev. Bras. Educ. vol.23 Rio de Janeiro set. 2018
Objetivou-se verificar a prevalência de burnout e depressão em professores do ensino fundamental e investigar possíveis correlações entre burnout, depressão, variáveis sociodemográficas e organizacionais. O estudo foi realizado em escolas públicas municipais e participaram 100 professoras do 2º ao 5º ano. Para a coleta de dados foram utilizados o Questionário Geral - Professores; o Inventário da Síndrome de Burnout - ISB; e o Questionário sobre Saúde do/da Paciente - PHQ-9, específico para identificação de depressão. As professoras tinham idade média de 41,95 anos (dp=9,91), a maioria (80%) era casada e trabalhava até 30 horas semanais (61%). Quanto ao burnout, foi identificada a prevalência de 29%, sendo constatado distanciamento emocional (40%), exaustão emocional (37%), desumanização (22%) e realização pessoal (11%). A depressão foi identificada em 23% dos professores, além de correlações positivas e fortes entre a depressão e as dimensões do burnout.
Izabel do Rocio Costa Ferreira, Samuel Jorge Moysés, Beatriz Helena Sottile França, Max Luiz de Carvalho, Simone Tetu Moysés
Rev. Bras. Educ. vol.19 no.56 Rio de Janeiro jan./mar. 2014
Resumo: O objetivo deste estudo foi analisar a percepção de gestores locais sobre a intersetorialidade na condução do Programa Saúde na Escola (PSE) em municípios selecionados. Trata-se de um estudo avaliativo, descritivo, com abordagem qualitativa e amostra intencional. O instrumento para coleta de dados foi por meio de questionário eletrônico. Para a avaliação das questões fechadas, realizou-se a análise descritiva dos dados. Para a análise das questões abertas, utilizou-se a técnica da análise de conteúdo proposta por Bardin, associada ao programa computacional ATLAS.ti. Os resultados revelaram que os respondentes demonstram conhecimentos necessários para o trabalho intersetorial, ainda que precisem de ajustes conceituais. Não se observou participação dos estudantes na definição de prioridades, planejamento e programação das ações. Concluiu-se que capacitações são necessárias para aproximação dos profissionais envolvidos no PSE, a fim de qualificar a comunicação e o entendimento das bases conceituais do programa.
Rejane de S. Fontes
Rev. Bras. Educ. n.29 Rio de Janeiro maio/ago. 2005
Busca compreender o papel da educação para a saúde da criança hospitalizada em enfermarias pediátricas, analisando a ação do professor em um hospital público (Hospital Universitário Antônio Pedro – Niterói, RJ). A questão central que norteou o desenvolvimento da pesquisa foi: Como a educação pode contribuir para a saúde da criança hospitalizada? Utilizou-se metodologia a observação participante de situações da interação criança/criança, criança/adulto e criança/meio. As categorias de análise foram: linguagem, brinquedo, emoção e conhecimento, apoiadas nos referenciais teóricos propostos por Wallon e Vygotsky. A conclusão foi que a educação possibilita à criança ressignificar sua vida e o espaço hospitalar no qual se encontra. Com base em uma escuta pedagógica atenta e sensível, pode-se colaborar para o resgate da subjetividade e da auto-estima infantis, contribuindo para o bem-estar e a saúde da criança hospitalizada. A pesquisa revelou que são grandes as possibilidades de ação do professor nesse novo espaço de atuação; no entanto, também é grande o desafio de construir uma prática educativa diferenciada da que ocorre na instituição escolar, requerendo princípios específicos e outros níveis de conhecimento que respaldem o complexo trabalho pedagógico no campo hospitalar.
Marinete Rosa Pereira Mascarello, Maria Elizabeth Barros de Barros
Rev. Bras. Educ. v.12 n.34 Rio de Janeiro jan./abr. 2007
Trata-se de estudo qualitativo abordando as relações entre saúde e trabalho de professores de uma escola da rede pública na cidade de Vitória, capital do estado do Espírito Santo. Seu objetivo foi cartografar as vivências de prazer e sofrimento dos docentes, principalmente as estratégias criadas para defenderem-se das nocividades do ambiente de trabalho e produzirem saúde. Afirma a indissociabilidade entre modos de trabalhar e modos de subjetivar, e constata que a deterioração do sistema público de ensino tem produzido seus efeitos no trabalho do professorado, comprometendo a saúde desses profissionais e gerando, muitas vezes, seu afastamento das funções por meio de licenças médicas ou mesmo abandono da profissão. Procura dar visibilidade às ações que apontam para a recriação do trabalho, mesmo dentro de condições adversas.
Victor Vincent Valla
Rev. Bras. Educ. no.19 Rio de Janeiro jan./abr. 2002
No campo de educação e saúde tem surgido um debate sobre a origem dos problemas de saúde, o qual propõe que a origem desses problemas está basicamente relacionado com as emoções mais do que com bactérias ou vírus. A teoria do apoio social sugere que, se as emoções são relacionadas ao surgimento das doenças, as soluções também estão relacionadas com as emoções. As chamadas terapias alternativas são propostas para lidar com as emoções, juntamente com a teoria do apoio social. Esta teoria propõe que quando pessoas recebem apoio emocional ou material sistemático de grupos ou instituições, este apoio é benéfico para a saúde dessas pessoas. A hipótese levantada é que o custo das terapias alternativas, juntamente com as dificuldades do sistema público de saúde em lidar com os sofrimentos dos pobres, ajuda a explicar o grande crescimento das igrejas pentecostais e evangélicas em torno das classes populares no Brasil.