Homenagem às vítimas de Santa Maria (RS)

 

 

O dia 27 de janeiro, a partir do ano de 2013, ficará marcado na nossa história não apenas por ser o dia internacional em memória do Holocausto, mas também porque 240 pessoas, na maioria jovens, morreram asfixiadas em razão de um incêndio ocorrido em uma boate de Santa Maria (RS). 

Não obstante essa coincidência, as vítimas faleceram ao inalar o mesmo gás utilizado nos campos de concentração nazista da segunda guerra mundial: o cianeto, advindo da queima da esponja que fazia parte da estrutura de proteção acústica da boate.

 Por mais absurdo que tenha sido este fato, que vitimou cerca de 110  alunos de vários cursos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), muitas situações novas estão sendo geradas a partir desse trauma. Algumas delas estão em curso, como o projeto de lei discutido na Câmara Municipal que visa nomear ruas e praças da cidade com o nome das vítimas; a construção de um memorial público no local em que funcionava a boate; o aumento da fiscalização em bares, restaurantes, casas de festa, boates e demais locais públicos, sendo muitos desses fechados por falta de documentação e de planos de prevenção contra incêndio.

 

Porém, acredito que tais iniciativas, sempre muito importantes, não terão efeitos duradouros se não virem acompanhadas de uma mudança de mentalidade da sociedade brasileira, que envolva um compromisso forte com a Educação.

Assim como já foi para a Alemanha e o mundo todo pós-segunda guerra mundial, o maior desafio é assimilar o trauma e seguir adiante, assumindo de vez - especialmente neste caso - uma cultura da prevenção. Esse é o mínimo que podemos fazer em respeito às vítimas de Santa Maria, para que pelo menos essa dor, e a de seus familiares, amigos, colegas e professores, não tenha sido obra do acaso.

 

Amarildo Luiz Trevisan

Coordenador  PPGE/UFSM