Lançada a Frente Contra a Extinção do MCTI. A campanha foi uma iniciativa da Associação de Docentes da UFRJ (ADUFRJ). A ação, que teve início no mês de maio, propõe que pesquisadores e cientistas troquem suas fotos de perfil na plataforma Lattes por imagem com a hashtag #FicaMCTI - clique aqui para acessar mais informações, instruções para adesão e enviar mensagens de protesto aos integrantes da comissão que analisa a questão no Senado Federal. A proposta pretende sensibilizar a sociedade e pressionar a Comissão de Comunicação e Informática (CCT), que irá debater com o ministro interino Gilberto Kassab a fusão das pastas nesta quarta-feira (8). A ANPEd foi convidada a participar da audiência pela SBPC, porém, declinou do convite em coerência ao seu não reconhecimento de legitimidade política ao ministério interino que se originou do problemático afastamento sem crime de responsabilidade da Presidenta eleita Dilma Rosseuf.
A ANPEd apoia a campanha #FicaMCTI, incentiva seus associados(as) a alterarem a foto de perfil no Lattes e sugere ainda que incluam no resumo curricular disponível na plataforma a seguinte frase: "A favor da manutenção e valorização do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação/ A favor do retorno à normalidade democrática".
A proposta de alterar a foto do perfil no Lattes já contou com adesão de Artur Avila, matemático ganhador da Medalha Fields 2014, do físico Sergio Rezende, ex-ministro de Ciência e Tecnologia no governo Lula, do filósofo Renato Janine Ribeiro, ex-ministro da Educação no governo Dilma Rousseff, do físico Paulo Artaxo, integrante do Painel Internacional de Mudanças Climáticas da ONU, e de centenas de outros qualificados pesquisadores, como José Gondra (UERJ), coordenador do Fórum Nacional de Coordenadores de Programas de Pós-Graduação em Educação da ANPEd.
A Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação publicou relato da audiência no Senado em 24 de maio em que salienta o repúdio de associações científicas à medida. Em 17 de maio a ANPEd também publicou manifesto conjunto com outras entidades nacionais de educação rejeitando o equívoco da fusão de ministérios e a própria efetivação do governo interino. Como registrado no documento, "O afastamento da Presidente eleita Dilma Rousseff por 180 dias e a posse do vice presidente para um mandato como presidente em exercício por este período não pode significar descontinuidade na construção e manutenção da política educacional construída de forma negociada com a sociedade organizada. Um governo provisório não pode comprometer um projeto de educação construído em duas Conferências Nacionais de Educação, discutido, negociado e expresso no Plano Nacional de Educação aprovado em 2014."
A fusão do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) com o das Comunicações foi uma das primeiras ações do governo interino de Michel Temer (PMDB), pasta conjunta agora sob comando de Gilberto Kassab. Como salienta a ADUFRJ, "a extinção do MCTI traz o risco da perda da força dessa visão, na qual um sistema de inovação e produção de conhecimento, relacionado ao desenvolvimento de novas tecnologias, produtos e serviços, deve ser prioridade. O Ministério das Comunicações tem atribuições de garantia de acesso e regulação que não têm nenhuma conexão com o campo da ciência e tecnologia, sendo a fusão proposta uma desqualificação das políticas de ciência e tecnologia para o desenvolvimento do país."
Como destacou Vanderlan da Silva Bolzani, vice-presidente da SBPC, em entrevista ao jornal Estado de São Paulo nesta segunda-feira (6 de junho), “é um retrocesso, mesmo que tenham muitas pessoas falando o contrário, dizendo que o importante é manter a verba. Não somos ingênuos. Ao longo da história do nosso País levamos um processo longo para estruturar o sistema de Ciência e Tecnologia e Inovação. O país não tem esse sistema consolidado, por mais que tenhamos avançado. Um país só é soberano e robusto quando domina a sua educação, ciência, tecnologia e inovação”.