Durante a 37a Reunião Nacional da ANPEd serão apresentados 25 Trabalhos Encomendados pelos 23 GTs da Associação. A diversidade de temáticas, sempre em diálogo com assuntos centrais da Educação e com renomados pesquisadores nacionais, faz com que as apresentações sejam um dos espaços mais disputados no evento, que tem inscrições abertas até 27 de julho.
Clique aqui e confira a lista completa dos Trabalhos Encomendados em cada GT.
A pedido do Portal ANPEd, alguns pesquisadores nos contaram um pouco do que pretendem destacar em suas falas apresentações durante a 37a Reunião Nacional. Confira:
Ester Buffa (UFScar)
Trabalho Encomendado pelo GT 02 – História da Educação
Os 30 anos do GT História da Educação: sua contribuição para a constituição do campo
Com este texto, a autora, visando a comemorar os 30 anos o Grupo de Trabalho de História da Educação, quer mostrar a relevante contribuição do GT para a consolidação do campo. Para tanto, utilizou balanços e avaliações já realizados por outros pesquisadores e também suas lembranças, uma vez que foi a primeira coordenadora do GT e durante estes anos acompanhou seu percurso. A partir das análises efetuadas, pretende evidenciar em que consistiu esta contribuição. Sem dúvida, foi uma honra receber esta incumbência, mas igualmente, uma grande responsabilidade.
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Carlos Roberto Jamil Cury (PUC-MG)
Trabalho Encomendado pelo GT 5 - Estado e Política Educacional
Os desafios e as perspectivas do regime de colaboração e do regime de cooperação no sistema nacional de educação
O tema encomendado versa sobre o Regime de colaboração entre União, Estados, Municípios e Distrito Federal a partir da emenda constitucional n. 59/09 e da lei n. 13.005/2014. Este regime visa, dentro do sistema nacional de educação e do plano nacional de educação, fazer valer as metas do Plano Nacional de Educação. Como se trata de uma apresentação dentro de um evento científico, minha proposta é a de averiguar as mudanças ocorridas no PL 8305/2010 e que se converteu na lei n. 13.005/14. Houve mudanças significativas e substanciais. E foi na tramitação do PL que houve iniciativas tanto da sociedade civil, como dos próprios parlamentares no sentido de se chegar a um razoável consenso a respeito da composição final da lei. Outro ponto a ser destacado serão as possibilidades e os limites deste Plano no interior do qual vige o regime de colaboração. O Plano ainda depende de outras alterações legais na LDB, de elaboração da lei de responsabilidade educacional, da lei do sistema nacional de educação e de uma importante lei complementar: a do regime de cooperação (que é articulado porém distinto do de colaboração.) Tudo isto supondo que os Estados e Municípios, por injunção da lei, já hajam terminado seus respectivos planos. Portanto, usando de uma metáfora, a pirâmide está com um vértice pronto (PNE) mas ainda depende da base poligonal e das faces laterais triangulares.
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Flávio Henrique Albert Brayner (UFPE)
Liana da Silva Borges (SENAC-Porto Alegre)
Trabalho Encomendado pelo GT06 – Educação Popular
Educação popular na institucionalidade: potencialidades, limites, contradições de um Marco de referência de Educação Popular para as Políticas Públicas
Faço parte do GT 06 (sou vice coordenador) e fui convidado a apresentar um TE sobre o que estou chamando de "hiperinstitucionalização" do paulofreireanismo: nome ligado hoje ao "patronato" da educação nacional, assim como ao marco de referência das políticas públicas federais (proposto pela Presidência da República, documento do qual sou signatário), a questão que abordarei, no TE, é a de saber, não exatamente o que "ganhamos" com tal institucionalidade, mas, sobretudo, o que perdemos. Parto de uma afirmação de um velho sociólogo alemão que escreveu um livro chamado "Messianismos revolucionários do terceiro mundo", de 1967, (o nome dele é W. Mülhmann) em que afirmava que "quando uma ideia de institucionaliza, num partido ou numa igreja (e posso acrescentar, também numa 'pedagogia') é porque já perdeu a força de subversão originária onde, no entanto, ainda tenta assentar sua legitimidade". Penso que o que está acontecendo com a Educação Popular e, sobretudo, com as ideias de Paulo Freire (o 'paulofreireanismo') se encaminha claramente para a constituição do que chamo, meio provocativamente, de "teologia laica". Minha provisória conclusão é a de que a resposta à questão "por que ainda somos freireanos" não á mais uma resposta pedagógica: diante da angústia e do desencanto provocado pela profunda secularização da educação (e suas injunções mercadológicas) o paulofreireanismo é, acima de tudo, um desejo de transcendência e de utopia numa época de usura e de enfraquecimento das esperança sociais mais radicais.
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Beth Almeida (PUC-SP)GT08 – Formação de Professores
Formação de Professores a Distancia – avaliação e perspectivas
Nas últimas décadas, a preocupação com a democratização do acesso à educação evidenciou a importância da educação a distância (EaD), sobretudo, para a formação de professores em nível superior e sua formação continuada. As primeiras iniciativas brasileiras de formação de professores a distância utilizavam como suporte para os processos de ensino tecnologias tradicionais de comunicação como o rádio e a televisão associados aos materiais impressos enviados pelo correio, ficando a aprendizagem por conta do estudo individual do estudante, que tinha a possibilidade de dirimir suas dúvidas enviando-as a um profissional de plantão, que poderia ser presencial, por atendimento telefônico ou correspondência.
As políticas públicas de formação de professores a distância, se evidenciam com a LDB de 1996 e regulamentações decorrentes, incrementando a oferta e o número de matrículas em cursos de licenciatura a distância e de formação continuada de professores. A disseminação das tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) com promessas de economia, educação acessível a todos, a qualquer tempo e de todo lugar não importando qual a distância geográfica, propiciou a criação de novas metodologias e de projetos de cursos baseados na exploração das funcionalidades dessas tecnologias e de linguagens verbais, icônicas, sonoras e visuais. Distintas abordagens educacionais se evidenciam na EaD, quer usem os meios convencionais ou as TDIC. Tais abordagens oscilam entre a pedagogia da transmissão baseada na distribuição em massa de conteúdos e a pedagogia fundada no diálogo, na participação, na construção colaborativa de conhecimento, propiciando novos modos de lidar com o conhecimento, criar, pensar, comunicar, aprender e ensinar.
A política pública do Brasil para a formação de professores a distância impulsionou a oferta de cursos pelas instituições privadas com um aumento vertiginoso no número de vagas oferecidas, muitas vezes com qualidade questionável, bem como levou à criação do Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) sustentado pela articulação política entre as instâncias do poder público federal, estadual e municipal, a gestão e o fomento com a distribuição de recursos financeiros. Se a princípio a implementação do Sistema UaB induziu a adesão das universidades públicas convencionais para a formação de professores a distância, ao longo do tempo o modelo adotado se mostrou comprometido pelos vícios da simplificação, da falta de institucionalização e do isolamento desses cursos em relação à cultura das instituições, entre outros fatores que colocam em questão a qualidade da formação.
Não se pode negar os avanços trazidos pela educação a distância em relação aos objetivos da formação de professores, em especial para atuar na educação básica, contudo, o modelo de gestão, a legislação e os mecanismos de regulação assumidos pelas políticas públicas brasileiras se mostram insuficientes para a sustentabilidade, consolidação e qualidade dessa modalidade formativa. Diante disso, o modelo atual se encontra diante de dilemas, que demandam uma avaliação dos atuais problemas tanto da parte das instituições privadas como do Sistema UAB, com abertura para identificar as mudanças necessárias para a elaboração de um consistente plano de formação de professores a distância, produzido por meio de um processo participativo, que envolva as instituições de ensino superior, os especialistas, gestores e professores, considerando as políticas públicas do país e contemplando o PNE.
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Maria do Socorro Alencar Nunes Macedo (UFSJ)
Cleonara Maria Schwartz (UFES)
Isabel Cristina Alves da Silva Frade (UFMG)GT10 – Alfabetização, leitura e escrita
Levantamento e mapeamento dos grupos de pesquisa em alfabetização no país
O trabalho encomendado do GT 10 tem como objetivo analisar a pesquisa sobre a alfabetização no Brasil a partir dos Grupos de Pesquisa cadastrados no CNPQ que vêm se dedicando a investigar a alfabetização nas suas diferentes nuances. A demanda que nos foi apresentada consiste no levantamento de a) quantos grupos de pesquisa investigam a alfabetização; b) Onde estão localizados regional e federativamente; c) quais as instituições de ensino que abrigam esses grupos; d) em quais áreas de conhecimentos está inserida a pesquisa da alfabetização; e) o que se estuda no interior desses grupos.
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Martha Tristão (UFES) - GT 22 - Educação Ambiental
Educação Ambiental e a descolonização do pensamento
A pretensão deste trabalho é problematizar o impacto que a dominação epistemológica e cultural, que não finda com o período colonialista, causa à Educação Ambiental. No primeiro momento, será realizada uma breve genealogia dos termos pós-colonialização, colonialidade e descolonização, com embasamento conceitual e teórico sobre a colonialidade/modernidade e, suas consequentes relações dicotômicas, com ênfase na relação dicotômica cultura/natureza e, em um segundo momento, as contribuições, as implicações da descolonização do pensamento como um dos desafios que a Educação Ambiental enfrenta na contemporaneidade (por que esse pensamento ajuda a produzir o campo da EA?). Em um terceiro momento, exploramos as formas de resistências, as experiências com culturas que fazem usos de práticas sustentáveis para garantir seus modos de vida e desenvolvem formas de se relacionar com a natureza cultura. Essa última parte será atravessada pela correlação entre o lugar, as culturas e as produções narrativas dos sujeitos/comunidades/escolas.
Textos para leitura: