A ANPG (Associação Nacional de Pós-Graduandos) vem realizando importantes mobilizações em prol da recomposição dos orçamentos para pesquisa no país, que sofreu mais um brutal corte recentemente, desta vez de 87% no exíguo orçamento de Ciência e Tecnologia. Ações em torno do tema “Quanto Vale a Ciência?” alcançaram grande repercussão a partir de frentes diversas como tuitaços, passeata em Brasília, projeções de mensagens em espaços públicos e debates virtuais.
A ANPEd integrou o segundo dia de atividades, nesta terça (26), em ato virtual com participação de sociedades científicas, estudantis, sindicais, da Educação Superior e parlamentares. Na ocasião, a Associação foi representada pela professora e doutora Maria Beatriz Luce (UFRGS), diretora financeira. A ANPEd enaltece a iniciativa da ANPG e a ampla mobilização que segue alcançando. As preocupações partem de diversos setores sociais, em articulação no Congresso Nacional para a recomposição do orçamento do MCT e CNPq, assim como da Educação, pois os cortes no orçamento atingem gravemente as universidades públicas e privadas, as bolsas a estudantes, o funcionamento de laboratórios e atividades de pesquisa nos diversos espaços urbanos e rurais.
Confira na sequência a fala de Maria Beatriz Luce (UFRGS), diretora financeira da ANPEd, no ato Virtual “Quanto Vale a Ciência?”, realizado no dia 26 de outubro (terça).
A ANPED participa deste ato virtual como impulso para uma mobilização mais ampla da comunidade universitária e de produção científica, tecnológica e inovadora, para alertar a sociedade brasileira sobre a situação crítica em que nos encontramos. Estamos profundamente alarmadas/preocupados com o rumo – o (des)governo - e com o (des)financiamento da Educação e da Ciência, Tecnologia e Inovação em nosso País. É inadmissível o corte de 87% do exíguo orçamento de Ciência e Tecnologia: dos 680 bilhões previstos, restam 89 bilhões; perdem-se pesquisas em andamento e de futuro. E, não por coincidência, a área de Educação sofre mais um corte de 2,2 bi, depois do bloqueio de 30% de seus recursos.
Nunca é demais repetir que Educação Básica e Educação Superior de excelência, pós-graduação e projetos de pesquisa de qualidade são indispensáveis, essenciais e basilares para uma nação autônoma e soberana e para que não se regrida nem se perpetuem as abissais desigualdades e injustiças que voltam nos assombrar. Nosso projeto para o Brasil e para as gerações que nos sucedem, não tolera a negação sistemática do direito à educação e do conhecimento, porque isso - sabemos - é política de dominação e de enriquecimento espúrio.
Parabenizamos os/as estudantes por este ato, a ANPG pela iniciativa. Mais uma vez estamos juntos e reafirmamos que a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação tem atuação histórica em defesa da pesquisa e da pós-graduação, de sua institucionalidade e dos sujeitos que a consubstanciam – professores, estudantes, pesquisadores e profissionais das mais variadas competências, coadjuvantes imprescindíveis nas bibliotecas e editoras, nos laboratórios, centros de computação e atividades de campo.
Corroboramos que é hora de novamente ampliar o arco setores acadêmicos, profissionais e sociais para um movimento cultural, comunicacional, vigoroso pela reconstrução da democracia no Brasil. A memória das lutas pela Assembleia Constituinte, por Diretas Já, nos inspira; e situamos como conquista o sistema nacional de pós-graduação e as políticas de fomento à pesquisa científica e tecnológica. Tomamos força do mais recente exemplo, dos profissionais e cientistas da Saúde, na luta pela Vida. É momento de resistência e de novos horizontes, de união em esperança. A vitalidade de um movimento social, deste movimento, está em congregarmos dissensos, promovermos o bom debate e cultivarmos da pluralidade. Nossa potência é a informação e se faz na participação de cada pessoa e pela representatividade de nossas associações e instituições de ensino e pesquisa.
Precisamos dialogar com a maioria das/dos brasileiras/as em meio aos desafios da cruel crise econômica, sanitária e social; e juntos enfrentarmos a quem interessa a criminalização do conhecimento, as ameaças às universidades e políticas de desfinanciamento e desmonte da educação pública e da pesquisa.
Quanto vale a ciência?
Valor inestimável. Ciência para todos/as, a Ciência é de todos/as!
Entendemos educação, ciência e tecnologia como bem comum -- bem público!
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