Em assembleia ordinária realizada na noite de ontem, 1 de outubro, durante a 36a Reunião Nacional da ANPEd, a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação aprovou uma moção de apoio à greve dos profissionais da redes públicas de educação do estado e do município do Rio de Janeiro.
A moção também repudia a traculência da repressão da polícia contra os professores e manifestantes, em lamentáveis cenas testemunhadas, registradas e difundidas por veículos de imprensa do Brasil e exterior.
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Moção de apoio à greve dos profissionais das redes públicas de educação do Estado e do Município do Rio de Janeiro
Os educadores e pesquisadores da educação, reunidos em Goiânia, no campus Samambaia da Universidade Federal de Goiás, durante a 36a Reunião Anual da ANPEd, engajados nas lutas coletivas pela educação pública, gratuita e democrática, e alarmados pela forma como os governos do estado e do município do Rio de Janeiro vêm lidando com a greve – direito legítimo dos trabalhadores da educação – expressam seu incondicional apoio às reivindicações requeridas pelos profissionais das redes públicas de educação, visando à melhoria das condições de trabalho e do ensino nestas redes.
A forma como a democracia vem sendo ignorada a cada dia nas redes do Rio de Janeiro, especialmente nos últimos dias, quando se assistiram cenas de violência contra profissionais da educação precisa de um basta! Basta de negligência com o conjunto de trabalhadores, com suas necessidades e condições de trabalho! Basta de gestão vendida a interesses particulares que carreiam os recursos da educação pública para instituições privadas, sob a alegação de que estas têm fórmulas mágicas para qualificar o ensino no Rio de Janeiro! Basta de falta de autonomia pedagógica a um corpo docente de cerca de 80.000 professores qualificados, em maioria com nível superior, além de inúmeros com mestrado e doutorado, formados em cursos dos 11 Programas de Pós-graduação em Educação de universidades fluminenses! Basta de pensar a educação da população como um negócio que encobre os insucessos das propostas compradas com programas e projetos que retiram estudantes das classes regulares, para que não comprometam os resultados que levaram o Rio de Janeiro a uma posição mais confortável no último IDEB, escondendo “sob os tapetes” dos percentuais, a realidade de tantas crianças, adolescentes, jovens e adultos que não recebem a educação de qualidade a qual têm direito! Basta o recurso a dirigentes que desconhecem o saber produzido no campo da educação em todos os níveis e muito menos aqueles produzidos pelas escolas, por seus profissionais e por seus alunos! Basta de ferir a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional com ideias fantasiosas de que nomenclaturas como ginásios, primários, etc, mudam a realidade, em franco desrespeito à legislação ordinária aprovada pelo Congresso Nacional em 1996.
O Rio de Janeiro tem o direito a uma educação efetivamente de qualidade, porque tem profissionais capazes de construí-la, sem precisar de interferências externas e danosas aos recursos que o FUNDEB e outras fontes aportam à maior rede municipal do Brasil e a uma grande rede estadual, como a do Rio de Janeiro.
Basta de lidar com os docentes como se fossem composta de meliantes, que ameaçam a cidade e seus dirigentes, sem respeito à condição de educadores que sempre assumiram esse papel na sociedade carioca e fluminense.