Manifestação do GT 07 - Educação de Crianças de 0 a 6 sobre o impacto dos ataques de Israel contra a Palestina sobre as vidas das crianças
A Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Educação (ANPEd), por meio do GT 07 Educação de Crianças de 0 a 6, vem a público externar profunda preocupação com a vida das crianças palestinas em meio a situação de guerra. Quem as protege da morte? Quem as acolhe na ausência de suas famílias? Quem as protege da violência física e sexual em situação de vulnerabilidade da guerra? Quem as acolhe na dor e na angústia de ver suas vidas alteradas em processos de deslocamentos e migrações? Há futuro que as espere?
Sabemos que a (i)racionalidade da guerra não poupa as crianças. Vivemos várias guerras cotidianamente que expressam explicitamente que há vidas a serem preservadas e outras não. Parafraseando Judith Butller perguntamos: suas vidas importam? Acentuamos que poderiam compor o que Mike Davis denominou de humanidade excedente. Ao pensarmos nesses grupos de crianças nos aproximamos das palestinas. São décadas de mortes sem precedentes, e ainda pouco noticiadas. O que sabemos e o que fazemos por essa infância vivida entre escombros e sem respiro, sem sonhos e cujo futuro está marcado num triste presente? Urge falarmos e nos posicionarmos sobre essas infâncias. Elas estão no centro da guerra e suas vidas estão profundamente marcadas pelo medo. Aterrorizadas entre as/os adultas/os, gritam por socorro e por proteção. Suas vidas são ceifadas na guerra e seus corpos violentados com atos bárbaros. Há fome, há dor e há desamparo em suas vidas.
Suas histórias em meio à guerra nos mostram uma necropolítica. Uma política de morte. Uma política em que suas vidas não importam. A dor vivida por elas nos faz lembrar de tantas outras crianças do mundo todo que vivem em situação de violência: nas ruas, nas periferias, nas cidades. Ao mencionar as crianças palestinas esse GT se refere a todas as crianças que precisam ser protegidas e cuidadas.
Proteger as crianças palestinas é proteger a vida. É proteger a infância. É cuidar de um projeto de sociedade humanitário. Um projeto em que o Estado se ocupe de defendê-las do horror da guerra, da fome, da miséria e da violência.
Nas crianças palestinas encontramos olhares tristes, corpos marcados, desolação, ausência do sentimento de futuro. É nesse sentido que o GT07 da ANPED se coloca vigilante em um processo que prevê cobrar das autoridades competentes para que não percamos ou banalizemos o sentido da vida.
Há cenário de barbárie e suas necropolíticas. Contextos que colocam as crianças na condição de negação de direitos, em particular de proteção e provisão, que ferem a condição humana e coloca as crianças palestinas em condições desumanas. É preciso estar vigilantes na defesa da vida, a fim de que nunca mais se repita aquilo que gerou a barbárie vista outrora. A advertência de Adorno de que “a exigência que Auschwitz não se repita é a primeira de todas”, ajuda-nos na compreensão de que todas as vidas importam e que a dor da fome e o horror da morte das crianças palestinas não sejam banalizadas ou esquecidas.
Neste manifesto nos solidarizamos com as crianças palestinas, contudo, não podemos esquecer de nossas crianças yanomamis que têm morrido por causas evitáveis, de nossas crianças Munduruku contaminadas por mercúrio, nossas crianças que compõem a população de rua nos centros urbanos, nossas crianças negras cujas vidas são precocemente findadas diante do encontro com as chamadas “balas perdidas” e tantas outras que, neste momento, têm suas vidas abreviadas...
O GT 07 da ANPED está presente e não se cala frente à injustiça!
Pelas crianças palestinas, nossa luta e nossa voz.
Acesse a manifestação aqui.