Quando o projeto Pensar a Educação, Pensar o Brasil foi articulado, há 15 anos, a proposta era debater os grandes problemas educacionais e sociais do país. “A gente jamais imaginava ter que discutir a existência da própria democracia, e não a sua radicalização”, conta Luciano Mendes Faria (UFMG), coordenador da iniciativa. No último dia 04 de abril, o projeto realizou a abertura de seu XIII Seminário Anual, com conferência de Carlos Roberto Jamil Cury em torno do tema “Educação no Brasil: Tradições Democráticas”, na qual o pesquisador igualmente discutiu raízes autoritárias que permeiam a história do Brasil (confira cobertura do PEPB). Ao longo do ano serão realizadas outras sete conferências em torno de questões como laicidade - tema a ser abordado por Luiz Antônio Cunha (UFRJ) no próximo encontro.
Realizado na forma de disciplina de pós-graduação na Faculdade de Educação da UFMG e aberto a todo público, especialmente a professores da educação básica, o seminário também integra a Ação Educação Democrática, organizada pela ANPEd em parceria com o Movimento Educação Democrática. O objetivo é estimular atividades as mais diversas - seja em universidades, escolas ou espaços informais de sociabilidade - a desenvolveram estratégias que dialoguem sobre o direito à educação democrática, pública, gratuita e laica, em todos os níveis e graus, e respondam à atual conjuntura política brasileira. Conheça mais sobre as ações que já estão sendo desenvolvidas em todo país.
Apesar do momento político nebuloso, o professor acredita na capacidade de resistência e articulação, reafirmando direitos e radicalizando caminhos republicanos. "O governo Bolsonaro, com suas políticas esdrúxulas, vai passar, e a gente vai conseguir atravessar esse momento difícil. Como diria Drummond, ‘há de amanhecer’. E nesse sentido acho que as instituições estão fazendo um papel fundamental ao mobilizar seus pesquisadores, seus participantes, como no caso da ANPEd e da SBPC." Nesse caminho, Luciano Mendes saúda a Ação Educação Democrática por levar o debate embasado em pesquisas a ambientes diversos, com o desafio de dar mais capitalidade às iniciativas, repercutindo de forma descentralizada e sensibilizando sujeitos para o momento dramático do país. “Continuar fazendo a pesquisa é um imperativo porque demonstra que há uma disponibilidade e disposição dos pesquisadores, das pesquisadoras, das instituições em contribuir para que a gente construa, aqui e agora, ainda que na adversidade, um país mais igualitário, democrático, mais justo”, defende o coordenador do projeto Pensar a Educação, Pensar o Brasil.
Outra importante iniciativa do Pensar é o programa realizado semanalmente na rádio UFMG Educativa, debatendo temas de forma transversal. Ao longo do ano, o programa tem dedicado parte de seu espaço às articulações do Ação Educação Democrática - confira entrevistas já realizadas com a presidente da ANPEd, Andréa Gouveia (UFPR), e com a Segunda Secretária da Associação, Maria Luiza Sussekind (UERJ).