Confira a entrevista especial com a presidente da Anped, Maria Margarida Machado (UFG), que avalia os desafios para sua gestão (2013-2015), expectativas e temas sensíveis à agenda da educação, com o FNE e o adiamento da Conae 2014.
Quais principais diretrizes a chapa "Democracia e Participação na Pós-Graduação e Pesquisa em Educação" pretende implementar à frente da Associação?
Como já anunciado na carta programa da nossa Chapa, democracia e participação são as diretrizes que norteiam nossa atuação à frente da Anped, que se materializarão na medida em que conseguirmos garantir mais espaço de interlocução entre sócios individuais e institucionais no cotidiano da associação. Isto implica, aos associados e à Diretoria, estabelecer uma dinâmica que intensifique o diálogo e a participação na agenda acadêmica e política da Associação, com vistas a enfrentarmos os desafios que a pós-graduação e a pesquisa vivenciam na realidade brasileira.
Na agenda acadêmica cabe destacar a busca pela ampliação de espaços para produção e disseminação de conhecimento, com cada vez mais qualidade, investindo na interlocução entre áreas de pesquisa e entre as agências de financiamento; a implementação de ações objetivando garantir novos formatos e nova dinâmica nas Reuniões Científicas Regionais da Anped e promover maior envolvimento do conjunto da Associação na organização e na divulgação desses eventos; a intensificação do debate em torno das políticas de financiamento da pós-graduação e pesquisa, reafirmando os programas de pós-graduação como espaços de produção de conhecimento diversificado e independente; a constituição de espaços de interlocução entre os novos pesquisadores da área que atuam no âmbito da graduação, pós-graduação e da educação básica; por fim, a busca por ampliar a divulgação da entidade, fomentando sua visibilidade e aproximação entre os sócios individuais e institucionais, tendo como instrumentos fundamentais desta ação o espaço do site da Associação.
Na agenda política da Anped cabe reforçar nosso compromisso no Fórum Nacional de Educação, na representação das entidades de estudos e pesquisas da área, com destaque para as ações voltadas ao debate do Plano Nacional de Educação, em tramitação no Congresso Nacional, e da realização da Conferência Nacional de Educação em 2014.
Com poucos meses de gestão da nova diretoria, a área da educação enfrenta o adiamento da II Conae. Como você percebe esse adiamento, tendo em vista a importância da ANPEd em todo processo preparatório?
O adiamento da Conae/2014 foi uma atitude unilateral do Ministério da Educação, que provocou a manifestação contrária da Anped e de várias instituições e entidades envolvidas com a pauta da educação no país e que estão representadas no Fórum Nacional de Educação (FNE). As entidades de estudos e pesquisas, representadas neste fórum pela Anped, já se manifestaram em relação ao adiamento em nota que pode ser acessada em nosso site. É importante destacar que nossa entidade, através dos pesquisadores associados, teve participação decisiva na elaboração do Documento Referência que mobilizou as conferências municipais, intermunicipais e estaduais preparatórias à etapa nacional, resultando no Documento Base que já está disponível no site do FNE. Há ainda um significativo número de anpedianos e anpedianas que participará dos vários colóquios e mesas previstas na programação da conferência nacional. Isto demonstra o compromisso da Anped com a efetiva realização das conferências nacionais de educação, como espaço importante de discussão e definição das prioridades que devem orientar a pauta da política educacional brasileira e é, neste sentido, que reiteramos a posição de defesa intransigente da realização da II Conae em 2014.
A ANPEd vem passando por mudanças estruturais, algumas decorrentes de decisões estatutárias (reuniões científicas bienais intercaladas com os encontros regionais de pesquisa, diretoria composta por representantes de todas as regiões, dentre outras) e outras em função do próprio crescimento da entidade, com novos sócios individuais e, sobretudo, institucionais. Essa mudança de perfil exige, de alguma forma, uma nova atuação da Associação?
Sem dúvida, todas as mudanças que vivenciamos na associação nos últimos anos trazem novas exigências aos associados e à Diretoria. Estas mudanças estruturais, previstas e nosso Estatuto, foram discutidas e assumidas em assembleias, o que compromete a todos na implementação e efetivação de novas práticas. Em inúmeras assembleias os associados manifestaram o interesse em buscarmos novos espaços e formatos para a realização das reuniões gerais da ANPEd, o que resultou nesta experiência de itinerância. A ampliação do número de associados indicou a necessidade de fortalecermos encontros científicos regionais, que se constituam em mais espaços para apresentação de pesquisas, tendo em vista que há uma ampliação dos programas de pós-graduação em educação no país. Como tradicionalmente os programas de pós-graduação já realizavam seus encontros regionais de pesquisa, o desafio que se coloca agora é uma ação coordenada entre a reunião nacional bienal e as reuniões científicas regionais, em cumprimento ao novo estatuto. Especificamente em relação à nova composição da Diretoria, cabe destacar o desafio da efetivação do papel articulador dos vice-presidentes nas regiões que representam, mantendo uma atuação orgânica junto aos demais membros da Diretoria.
Qual o principal desafio de um presidente à frente da ANPEd e, mais particularmente, para essa gestão da qual você é presidente?
O principal desafio é representar a maior entidade de pesquisadores no campo da educação do país, respeitando a diversidade de pensamentos e posições, que é da natureza de quem lida com o conhecimento. Ao mesmo tempo, faz-se necessário manter uma intransigente defesa da pesquisa e da pós-graduação, numa conjuntura nacional tão adversa e desafiadora para esta associação que, historicamente, participou das lutas pela educação pública como direito de todos. Especificamente nesta gestão, vivenciaremos o diálogo intenso em quatro reuniões científicas regionais, neste primeiro ano, e fecharemos 2015, após a reunião nacional bienal, num esforço de avançar na regulamentação desta nova forma de ser e se organizar enquanto Anped. Nossa perspectiva nesta experiência é poder contribuir, como anunciamos no nome da nossa chapa, com a ampliação da democratização e da participação na pós-graduação e pesquisa no país, para isto reafirmamos a importância do compromisso de cada associado com esta entidade que é de todos nós.