Nesta entrevista especial, o Boletim da ANPEd conversa com os novos coordenadores do Fórum de Editores de Periódicos da Área de Educação (FEPAE). Na entrevista, o coordenador Sérgio Cirino (editor da Educação em Revista do Programa de Pós graduação em Educação da UFMG) e a coordenadora adjunta Catarina de Almeida Santos (Editora da Revista Linhas Críticas da FE/UnB) falam sobre o fórum e seus desafios.
Vocês foram eleitos durante a 35a RA da ANPEd para a coordenação do FEPAE. Como foi esse processo?
Sérgio: Um dos pontos da reunião do FEPAE, durante a 35ª reunião anual da Anped foi a eleição da coordenação. Nessa reunião nos colocamos como candidatos a coordenadores do FEPAE e os editores presentes nos elegeram por aclamação. O processo da eleição em si foi relativamente tranquilo, tendo em vista que eu e Catarina já estávamos na Coordenação provisória desde a reunião dos editores de periódico da área de educação que aconteceu na Universidade Federal de Pernambuco, em Recife, no mês de abril de 2012.
Catarina: Vale lembrar que além da coordenação nacional, nessa reunião também foram eleitas as coordenações regionais, conforme prevê o regimento do FEPAE aprovado na mesma reunião.
Como vocês vêem a atuação destinada a esse espaço recém-criado?
Catarina: A atuação do FEPAE está diretamente ligada aos seus objetivos, ou seja, promover o intercâmbio entre editores de periódicos de Educação, estimulando a cooperação e solidariedade institucional, com vistas a impulsionar a melhoria da política de publicação na área. Entendemos que o FEPAE, deve ainda, em conjunto com editores de áreas correlatas, lutar pela democratização do acesso ao conhecimento, problematizando e debatendo políticas e ações que contribuam para inserção/inclusão e melhoria da qualidade dos periódicos da área.
Sérgio: É muito importante que seja destacado que todos os periódicos brasileiros da área da Educação estão, por princípio, convidados a participar do FEPAE. A maioria dos periódicos tem uma ligação com universidades, faculdades de educação e programas de pós-graduação, mas, há também aqueles periódicos de associações e de sindicatos e esses periódicos também são muito bem vindos ao FEPAE.
Qual contribuição o FEPAE deve trazer para os periódicos e para o progresso da Educação como um todo?
Sérgio: Uma das principais contribuições é a criação de um espaço de interlocução entre os editores dos periódicos. O campo das publicações cresceu e se modificou bastante nos últimos anos, principalmente, em decorrência das atuais políticas de avaliação. Muitos editores relatam que estavam isolados e sem perspectivas para colaborações. O FEPAE pode ter uma função importante ao proporcionar um espaço de debate, de aprendizado, de socialização das dificuldades e das boas práticas. No campo da Educação como um todo, é bem sabido que os periódicos ocupam lugar de destaque nos atuais sistemas de avaliação dos Programas de Pós-graduação. Acreditamos que na medida em que os editores se envolvem num fórum que permite e estimula o debate e a troca, em última análise quem ganha é a própria área da Educação. A publicação é um item bastante valorizado pela Capes na avaliação dos PPGs e os periódicos são, atualmente, meios muito importantes de publicação do conhecimento produzido nesses programas, seja dos professores que neles atuam ou dos seus alunos. A classificação que o periódico recebe na avaliação da Capes contribui muito para a pontuação dos programas. Assim, ao organizar os editores para participar e promover debates que levem a melhoria dos periódicos, buscando políticas mais inclusivas, problematização dos critérios de avaliação, apoio institucional e das agências de fomento, o FEPAE traz a sua contribuição para a educação.
Catarina: O FEPAE viabiliza aos editores um espaço democrático e aberto que estimula o debate e a busca de soluções para os problemas postos. Dentre eles, as políticas de avaliação, financiamento e indexação, o processo de profissionalização dos editores e as condições de trabalhos e de falta de pessoal para desenvolver as funções no âmbito dos periódicos, especialmente os que pertencem às instituições públicas. Mas, é importante salientar que a articulação promovida entre os editores pelo FEPAE tem também a função de socializar as boas experiências, as boas práticas e caminhos encontrados para a qualificação do periódico.
Quais os principais desafios para essa gestão? Como deve ser a condução do FEPAE?
Catarina: A gestão do FEPAE não será feita apenas pelos seus coordenadores nacionais, pois além destes o regimento define que O FEPAE terá coordenações regionais, eleitas também pelos pares. Esses coordenadores regionais estarão encabeçando o processo, pois a concreticidade do FEPAE se dará com a participação efetiva de cada editor que o compõe. O nosso grupo de discussão (https://groups.google.com/group/fepae?hl=pt-BR) tem se constituído como um bom espaço de debate, não só de temas ligados aos periódicos mas também outros relacionados a educação.
Sérgio: Os desafios são muitos! Dentre eles destaco a promoção do intercâmbio entre os editores. Mas, também são desafios a cooperação e solidariedade institucional, a melhoria das políticas de publicação na área, principalmente, no que dizem respeito à avaliação e ao financiamento.
Quais os principais temas e debates que pretendem incorporar ao FEPAE?
Sérgio: Um dos debates deverá ser em torno das políticas e dos critérios de avaliação e financiamento dos periódicos. A criação de linhas de apoio no âmbito das fundações de pesquisa, especialmente por meio de editais que financiem periódicos com diferentes classificações pela avaliação CAPES, inclusive com destinação de verbas para os periódicos com Qualis mais baixo, que normalmente ficam de fora dos grandes editais.
Catarina: É oportuno destacar que, para que os periódicos melhorem sua qualidade e consequentemente a classificação nas avaliações, é preciso receber apoio financeiro. Nesse sentido, além dos editais das fundações nacionais (como CAPES e CNPq) e das Fundações estaduais, é importante que seja debatido o financiamento pelas próprias instituições mantenedoras dos periódicos, sejam essas universidades, associações, sindicatos etc.