As entidades que compõem o Fórum Nacional Popular da Educação (FNPE) vão apoiar e participar das mobilizações em defesa da educação e contra a reforma da Previdência, convocadas pelos estudantes para a próxima quarta-feira, 30 de maio, em todo o país.
Essas pautas unificam as lutas de estudantes, professores, professoras e de todo o conjunto da classe trabalhadora contra os ataques do governo de Jair Bolsonaro (PSL), afirma o secretário Nacional de Cultura da CUT, Tino Lourenço.
O dirigente, que representa a central no FNPE, afirma que a próxima mobilização será fundamental porque “vai ser um segundo ‘esquenta’ para a greve geral do dia 14 de junho, contra a reforma da Previdência, pela educação e por mais empregos, assim como foi o Dia Nacional de Greve da Educação, o dia 15 de maio”.
No dia 30, a ideia é reforçar a luta contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 006/2019 da reforma da Previdência, pauta ignorada pela mídia na manifestação convocada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) em defesa da aposentadoria, que recebeu mais adesões depois do anúncio dos cortes.
“Nas manifestações do dia 15, a imprensa escondeu nosso protesto contra a reforma da Previdência, mas era pauta prioritária da mobilização, já que prejudica diretamente professoras e professores, que terão de trabalhar até os 60 anos para se aposentar”, afirma Tino Lourenço.
Mobilização e contra-ataque
Segundo Tino Lourenço, o dia 30 será mais uma data para mostrar ao governo de Bolsonaro que o povo brasileiro quer investimentos e não cortes na educação e que não quer perder o direito à aposentadoria. Mas o governo Bolsonaro contra-ataca.
“Eles até tentaram nos desmobilizar, anunciando no dia 22 a reposição de um quinto do orçamento do Ministério da Educação, mas ‘nem de longe’ é suficiente”, afirma Tino, que avalia na iniciativa do governo um modo de ‘calar a boca’ do povo brasileiro.
“Não resolve a questão. Não pode ter corte nenhum. E isso é mais um motivo para fortalecer o nosso movimento em todo o Brasil contra os ataques do governo”, reforça Tino Lourenço.
Os cortes de recursos na educação atingiram todos os setores da educação. Na educação básica, a redução foi de 33%, impactando diretamente no transporte de alunos, na merenda escolar, na distribuição de livros didáticos, além da educação de jovens e adultos.
Confira os locais onde serão realizadas manifestações no dia 30
Desrespeito
Outra característica do atual governo que mostra a necessidade de a sociedade se contrapor e mostrar resistência nas ruas é a ausência de diálogo com setores da sociedade civil para o debate de temas importantes que dizem respeito a todos os brasileiros. E a educação é um deles.
Em uma audiência na Câmara dos Deputados, realizada na quarta-feira (22), convocada pelas comissões de Educação e Trabalho, e Administração e Serviço Público, o ministro da Educação, Abrahan Weintraub, se recusou a ouvir representantes da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes).
Em tom de desdém, ele disse à comissão: “Eu não quero falar com a UNE nem com a Ubes. Eles não foram eleitos”. Depois de negar o diálogo, a polícia legislativa tentou tirar os estudantes do local. E como sempre, foram truculentos.
“Uma coisa é a agressão sofrida pelos estudantes a partir dos deputados da base do governo, o que é compreensível porque são ignorantes completos. Mas um ministro da Educação se recusar a ouvi-los e sair do recinto dá uma demonstração clara do que significa esse governo – é a imposição”, critica Tino Lourenço.
O Fórum
O Fórum Nacional Popular pela Educação é composto por 35 entidades da comunidade educacional brasileira, além de entidades sindicais como a CUT, a CNTE, Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee ) e Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra).
O FNPE é um exemplo de resistência porque surgiu para pressionar o governo a cumprir as diretrizes do Plano Nacional de Educação 2014/2024. O governo do ilegítimo Michel Temer (MDB) desmontou o Fórum Nacional da Educação (FNE).
Dessa forma ficaram inviabilizadas iniciativas como as conferências nacionais, que tinham o papel de consolidar o avanço das políticas de educação, definidas no PNE, com participação democrática da sociedade.