reportagem: João Marcos Veiga
imagens: Camilla Shaw
O Teatro Universitário da UFAC, em Rio Branco, recebeu ao fim da tarde desta quarta (24) a abertura da ANPEd Norte 2018. O início oficial do segundo encontro de pesquisa em Educação da região foi marcado por falas que enalteceram a importância do evento para a pós-graduação e, igualmente, o momento político do país, que requer uma defesa das bases educacionais e democráticas.
Após a abertura cultural com orquestra formada por músicos e estudantes da Universidade Federal do Acre, a coordenadora local da ANPEd Norte 2018, Ednacelí Abreu Damasceno saudou a todos presentes para os três dias de encontro. "Esperamos que sejam dias de socialização da produção acadêmica, em especial da região Norte, com debates sobre desafios e perspectivas, discussão sobre políticas, intercâmbios entre pesquisadores, sobretudo da região amazônica", afirmou. A professora e doutora destacou os 11 programas da região que compõem o FORPREd Norte, realizador do encontro, além de dois convidados, resultando em 244 trabalhos submetidos (sendo 205 aprovados para apresentação nos 14 GTs), numa programação com cinco sessões especiais, 10 mesas redondas, conferência de abertura, reuniões de entidades, além de lançamentos de livros e atividades culturais. A programação do evento será norteada pelo tema “Desafios da educação na Amazônia: ultrapassar fronteiras e superar limites”.
Coordenadora do FORPREd Norte, Ivanilde Apoluceno (UEPA) também destacou o crescimento da região, que passou de três programas de mestrado e um de doutorado em 2005 para 13 mestrados e três doutorados em 2018, além de pontuar o momento essencial de articulação para a I ANPEd Norte em 2014 (até então os encontros se davam conjuntamente com o Nordeste). "O que nos motivou foi essa possibilidade de crescimento, mas sobretudo o fortalecimento da identidade do Norte e suas especificidades, criação de redes de pesquisa, agenda de atividades conjuntas, contribuir para políticas de desenvolvimento para a região. Aprendendo a nos conhecer como pesquisadores e nos reconhecer como intelectuais numa região marcada pela desigualdade", conta. "A ANPEd Norte nos dá a oportunidade de discutir questões educacionais, apresentar nossas produções e debater o cenário atual, a educação na Amazônia, a assimetria regional, pautas reacionárias contra Paulo Freire. É dar visibilidade ao contexto amazônico, às populações quilombolas, ribeirinhas, indígenas num contexto político que anuncia retrocessos. É preciso evidenciar nossos compromissos com a educação pública."
Coordenador do FORPREd Nacional, João Batista Nunes igualmente caminhou sua fala em defesa da Educação. "Eventos como esse são fundamentais para nossa área para compartilhar pesquisas, mas neste momento do país se reveste de uma importância ainda maior. Estamos diante de dois projetos em disputa, dois projetos de Brasil e precisamos nos posicionar diante disso", colocou o professor da UECE.
Vice-presidente da ANPEd pela região Norte, Sônia Araújo (UFPA) lembrou os 40 anos da Associação completados em 2018. "É uma luta de quatro décadas em defesa da educação pública e de qualidade, desenvolvimento da ciência, da cultura, liberdade social. ANPEd combateu a barbárie num momento difícil da ditadura. Se chegamos até aqui, enfrentando e resistindo, é porque somos mais fortes. E o momento agora nos compele a fazer o que é próprio da nossa profissão: explicar, esclarecer pedagogicamente o que está em jogo", afirmou.
Presidente da ANPEd, ANPEd também salientou essa história e o papel da Associação na expansão e democratização da educação nos últimos anos. "A ANPEd tem se posicionado fortemente em defesa da democracia, o que nesse momento significa a revogação da EC 95, da reforma no ensino médio, impedir cobrança de mensalidade e não permitir a nomeação de dirigentes para as instituições públicas", defendeu.
Reitora da UFAC, Guida Aquino disse esperar que a próxima ANPEd Norte seja numa universidade pública que não cobre mensalidade de seus estudantes, e que essa é uma luta de todos que acreditam nesses pilares. A professora lembrou a expansão da universidade nos últimos anos, que hoje possui nota 4 (numa escala de 0 a 5). "É através de uma universidade pública, como a UFAC, que nós podemos desenvolver o nosso estado, com pesquisa, ensino e extensão."
O tema que norteia todo o encontro, “Desafios da educação na Amazônia: ultrapassar fronteiras e superar limites”, foi então esmiuçado pelo conferencista de abertura da ANPEd Norte, Prof. Dr. Salomão Mufarrej Hage. O docente da UFPA abordou a importância de compreender os sujeitos e contextos das múltiplas Amazônias, territórios onde realiza pesquisas há décadas. "São territórios historicamente disputados e apropriados por grupos diversos. Extrativistas, assentados, camponeses, ribeirinhos, com lutas pela construção de suas territorialidades, são grupos que vem protagonizando existências e resistências."
Ao final da sessão de abertura, os presentes ainda acompanharam lançamentos de livros sobre pesquisas na região e atividade cultural.
Confira a programação completa no site da ANPEd Norte 2018.
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